sábado, 1 de agosto de 2009


A árvore que chora

A árvore chora no parque, entre outras árvores indiferentes à árvore que chora. Derrama seu choro verde-marrom; escorre a seiva das feridas do tronco esbranquiçado da árvore que chora.

Eu passo pelas ruas da cidade, passo em frente à árvore que chora. Os passantes passam por mim, indiferentes ao meu choro interior, indiferentes às semi-lágrimas, aos olhos quase inchados, ao nariz quase vermelho, ao meu todo-amor que se foi, que passará por outras quase-ruas de outras semi-cidades para encontrar outros meios-braços quem sabe. Presa à terra por minhas raízes, sabendo meu todo-amor a plantar outras meias-sementes em outras quase-terras e a colher outros semi-frutos, derramo minha seiva não menos densa. O peso é tanto... A árvore que chora tem copa?

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