Anjo
Te espero:
Me pegaste no caminho
Carente de carinho,
Perdida na floresta do destino,
Abandonada e febril.
Com tuas palavras de mel
Fizeste curar a ferida,
Fizeste tua presença querida.
Quero mergulhar nestes teus olhos azuis,
Nesta tua promessa de anjo louro,
Nas tuas palavras cor de ouro.
Cristalino Azul Céu!
Quebra a dura casca que me cobre
E resgata de lá a menina carinhosa
Amiga e amorosa
Que um anjo torto escondeu...
Então o rio transbordou
A alma ainda molhada
Molhada de todos os fluidos
Que meu corpo produz
Morro de amor
Vivo de amor
Respiro amor em todos os corpos
Sem amarras que não a do vento
Lanço todo o sentimento do meu peito
Para além da eternidade
Te amo tanto e tanto e tanto
E reúno dentro de mim toda a energia cósmica
E ela explode de amor por ti
E és tu mesmo, meu lindo
A Lua
“J’ai voulu le retenir
Pourtant j’ai laisser partir
Sans faire un geste”(Dalida)
Eu sou a Lua
Lua cheia, Lua vazia
Nesta noite fria
Minguante de chorar por dentro
Recuso sofrer por quem se foi.
Cheia de vícios,
Crescente de angústia,
Crescente de expectativas.
Nova? De ter conseguido
Um novo amor-paliativo.
A vida é isso.
A árvore que chora
A árvore chora no parque, entre outras árvores indiferentes à árvore que chora. Derrama seu choro verde-marrom; escorre a seiva das feridas do tronco esbranquiçado da árvore que chora.
Eu passo pelas ruas da cidade, passo em frente à árvore que chora. Os passantes passam por mim, indiferentes ao meu choro interior, indiferentes às semi-lágrimas, aos olhos quase inchados, ao nariz quase vermelho, ao meu todo-amor que se foi, que passará por outras quase-ruas de outras semi-cidades para encontrar outros meios-braços quem sabe. Presa à terra por minhas raízes, sabendo meu todo-amor a plantar outras meias-sementes em outras quase-terras e a colher outros semi-frutos, derramo minha seiva não menos densa. O peso é tanto... A árvore que chora tem copa?
