quinta-feira, 30 de abril de 2009

Era assim...Segurando com uma mão na barra do ônibus lotado, uma bolsa em cada ombro mais uma a tiracolo, quarenta graus lá fora, adolescentes lésbicas se apalpando na frente, cheiro de suor... A voz dele ressoava nos ouvidos, molhava os lábios...quando é mesmo que entrei nesta onda? Desejo reprimido, quase explodindo por todos os poros...O calor, o suor, o objeto do desejo muito perto e tão distante... Tingir o cabelo de preto resolve? Grana, talvez resolvesse...O sorriso do professor de natação, Deus! que sorriso mais lindo! A cantada dos executivinhos engravatados, oi, linda! o suor e o calor, o ônibus lotado...desejo explodindo por todos os poros... Te adoro, te adoro, voz quentinha, aveludada... incêndio, logo eu? que sempre fui, mas também todavia contudo, inteligente. E daí? Uma época comparava-se a um iceberg, ultimamente o gelo derreteu, mais próximo seria um vulcão prestes a explodir. Vomitei antes da aula! Será o calor? líquido viscoso, leitoso, esbranquiçado. O centro da cidade, distante? O balanço do ônibus. Meio-dia, ligou prum cara que conheceu numa festa por aí, faz tempo. É, me lembro de ti, aquela amiga em comum, pois é, etc e tal beijão no final, não soube continuar a conversa. Avenida Farrapos, há quanto tempo, nenhum assento vago. Devia ter mandado ele á merda, e no entanto, seria impossível!!! Não custava tanto assim comprar o que ele pedia. Olha a carteira; fim de mês, nota de papel azul solitária... Ir ao banco, comprar o que ele pedia. Coisa de nada, te adoro quentinho, aveludado. Tocar nele, só beijo, que calor! Beijo, se via mordendo com força, beijinho. Lembrou daquela mancha no tapete dele, era vinho. Mulher ridícula, touro de expointer, bom procriador! Se apaixonou por ela, doeu fundo, porque sabia que era interesse de mulher. Tudo bem, dar tempo ao tempo. às vezes não funciona...outras também não. As adolescentes lésbicas!! Se acariciando no ônibus! Na minha frente! Olhares indignados das senhoras de bem. Sou uma senhora de mal, ela ri. Nem sou uma senhora. Me sinto ainda nos vinte. Me acham ainda nos vinte. O ônibus chega ao Mercado, gente, gente, deseja felicidade às adolescentes lésbicas que saem rindo de mãos dadas, pontinha de inveja. O banco. Minha amiga, apaixonada por ele. Romance no ar. Ri. O banco, vinte reais. Comprou, pronto, comprou. Pra fazer ele feliz, um pouquinho só. Já comprou, preciso de uma baby-look preta, que calor!! blusa preta de balaio, tenho classe, ninguém vai notar! O sorriso do professor de natação, que lindo, meu Deus! Outra cantada, é o calor, preciso emagrecer. Ou seria melhor enriquecer. no fundo, não consegue levar um não. Como assim? Te adoro aveludado, quentinho. A fila do lotação. Me pegam pra conversar. Um homem, fala, fala, fala. Tomara que não pegue um engarrafamento... Gritar QUERO MORDER ELE TODINHO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Uma senhora, a tragédia em Santa Catarina. Adeus férias em Floripa, adeus Rio e todos os sanduíches e cds já vendidos, quanta ilusão querer dormir no calor ao lado dele! Sonhos, sonhos afogados na areia da garganta que segura o choro, lágrimas de água de côco.  Em casa, banho, se olha no espelho; não sou tão feia, um colega cantou ela pra jantar, não dá, outro dia quem sabe, talvez. Se o colega  fosse o professor de natação.  Férias, muito tempo e pouca grana. Para espantar seus fantasmas resolve escrever. Pouco antes, ouviu dele te adoro sonolento, quentinho, aveludado...

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