sexta-feira, 10 de abril de 2009


Devaneios Góticos

 

“ Ela quisera arrancar do peito seu coração arrebatado, sem limites e sem fronteiras, sempre - inatingível, inatingível - fera não domada, indomável, presa sempre às masmorras do medianismo, da mesquinhez. Sempre sem poder soltar a fera, e quando solta, livre e feliz que cavalga, ai de si - laços se arrebatam sobre ela e logo se vê novamente entre as quatro paredes da masmorra, encurralada, sem movimentos, dor no peito, porque não é permitido que seja livre, que viva a intensidade da vida, sempre é levada à realidade da masmorra úmida, à falta de graça do medianismo. Queria que a amassem, animalmente, ferozmente, como fosse... Queria que fosse também do outro o prazer. E seria? A umidade escorre pelas paredes da masmorra, as lágrimas brotam - só brotam e não caem, sol lá fora, muito longe, espírito querendo chegar ao Céu, implorando aos deuses que possa abarcar com toda a força INTENSIDADE nesta vida terrena, uma vez... Já não dói, as lágrimas brotam, viajando, não pode chorar. Pode não chorar? Abismo - não é abismo - abismo seria uma solução de desaparecimento. Mamar nas tetas da vaca, sempre no futuro: o país do futuro; o eu do futuro, o futuro que não chega - lágrimas brotam nos olhos; de novo não caem.

A masmorra, escura, acinzentada, esverdeada...Vida se cria, vida, dinheiro? Levanta da cadeira, a masmorra se move com ela. Volta à mesquinhez mediana, à mesquinhez mediana, a intensidade, nem a das lágrimas pode ser...Queria ter feito a diferença naquele pescoço, naquele coração, marca de dois dentes indelével na jugular... “

 

                                                       

 

 

 

 


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